drunk or stoned


Meias palavras, dúvidas e segredos. Suspiros. Beijos. Desesperos. Rezar o terço ajoelhada no chão. Entregar-me ao primeiro homem que aparecer. Chorar pelos cantos e deixar-me ir. Parar de lutar, esquecer, conformar-me. Sorrir para todos. Beber até cair, fumar um cigarro encostada ao muro. Enrolar-me com um qualquer atrás da igreja, comprar felicidade. Ter medo de compromissos. Chorar o que não sinto e soltar gargalhadas por aquilo que não percebo.

Dizer-te que tenho saudades tuas, abraçar-te. Comer sem fome e celebrar sozinha. Distrair-me contigo, escrever, nem sequer tentar. Ser de esquerda ou direita, extremista, radical, populista. Fazer falsas promessas e renovar o guarda-roupa. Jurar começar a fazer dieta no dia seguinte, ser a melhor amiga da televisão. Ultrapassar o limite, esconder. Porque quanto mais quero ser, pior sou.

standing in the way of control


Nunca me distinguirias no meio da multidão.

Eu ponho-me na fila, por entre esta gente apagada, vestida com o uniforme e pareço igual a todos os outros. Desde sempre me taparam os olhos e esconderam a minha singularidade, acabei por perdê-la, nesses becos escuros e sujos, onde também eu me perdi e transformei. Dou por mim igual a todos os outros, na fila, à espera que me confisquem e analisem, nesta homogeneidade artificial. Estou à tua espera.
Tu chegas. Confiscas-me, olhas-me de lado, fazes essa expressão, tão típica, tão tua, de reprovação e deixas-me com esse teu ar de desprezo. Rebaixas-me, tratas-me abaixo de cão, bates-me com o teu chicote e chego até a sentir as tuas bofetadas. Mas os meus olhos cravaram-se nos teus e não os largam. Esqueço-me de tudo o resto e sigo-te - esqueço-me de ser igual, de estar alinhada, de estar na fila e passo a ser eu mesma, diferente dos outros, com os olhos postos em ti, para ti. Perdi-me, de novo.
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Lisboa | Amesterdão

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