blue turning gray over you









é só mais um dia.
são apenas mais 24 horas na vida de um sujeito inanimado, o último grito que ecoa numa sala vazia de janelas fechadas. minutos que se contam e passam por ti enquanto bebes mais um gole desse vinho amargo. um dia que passa a ser um buraco numa rede de meses, uma coisa de nada que é mais fácil ignorar.
 - não chores, porque é só um dia mais e as tuas lágrimas estendem-se pelas ruas de anos e tempos e nunca libertam a nossa sombra. resume-se a horas: são apenas duas dúzias, não custa (quase) nada.

foreground


vê como o vento sopra forte e furioso, como liberta os tecidos e mantém vivos os teus cabelos, que esvoaçam.
sente-o agora, sente-o enquanto ele te ataca e te esmurra a cara, como te esgota o pensamento e te faz cair. sente-o total e percebe as estradas que se desenham pela força da natureza, o gato esfomeado que salta do muro e perde mais uma vida.
o vento, só - palpável, um mundo imundo, que te assalta as vísceras e te rouba o passado.

fluorescent adolescent


deixa as pessoas te inundarem, infesta-te e explode em gentes diferentes. procura-te em todo o lado e encontra-te no céu, que se estende para sempre, que cobre todos com uma expressão só. reconfigura-te. aceita que não serás sempre um e experimenta outros algarismos, deixa-te transformar, lê nos lábios de outros e de árvores e leva as palavras contigo. rouba o que é teu, o que experimentas, procura.
descola dessa cadeira tão velha e constante e não te canses, corre descaradamente, faz música e escreve nas paredes, constrói arte e deixa que ela te leve. fabrica-te no opiário que é teu - e vê.

misread




















i'm currently making some changes in my life. if you don't hear from me, you're one of them.
salvo raras excepções

movie star

mesmo a propósito,







e vendas novas, aqui vamos nós!
mais informações aqui

a call to arms


procura negar-te. procura recusar, virar as costas, complicar, explora o não e desvia o sim, esquece o que são boas maneiras e cospe.
em cima de um corpo limpo, de uma tábua rasa que ainda tem muito por completar, cospe com força e sem remorsos - o importante é sujar. incomodar. sujeita-te ao trabalho de te destacares, és negativo e sempre não recomendável, má influência e marginal. desiste e goza e ocupa e olha nos olhos sem medo de nada, porque medo não é nada, é de gente e tu estás para lá do racional. humano, limitado ou inconsciente, nada disso, muito pior, mais saboroso.














esta é daquelas coisas confusas, como tu dirias.
são daqueles dias que não são só um dia, que se multiplicam pelas horas e te fazem sofrer. que te obrigam a sarar feridas e a ver pessoas e enfrentar mais coisas. confusas, ambíguas, sabes lá.

work me out


o corpo dorido das expectactivas dos outros. procuras desajustar-te mas não encontras o teu lugar. matas a mosca que te ronda e incomoda, deixas de ser encarado como matéria podre, desesperas por vida.
mais um cigarro, senta-te e inspira. não olhes em volta, não hás-de querer ver desgraças - olha para ti e segue e frente, cabeça levantada e olhos postos no céu.

hold on


© Reuters/Stephane Mahe (pormenor)
frança outubro 2010

heart skipped a beat


o meu objectivo? escrever-te o texto mais bonito de sempre, ler-te as palavras que traduzem os gestos de todos os dias, deixar-to para nunca te esqueceres de ser. Sê.
o texto mais bonito de sempre provavelmente deixar-te-ia lágrimas a correr pelos traços do tempo, nessa tua mania de traduzir tudo para coisas de gente. mas eu não quero choros - o meu texto mais bonito de sempre para ti corre por campos sem fim, acariciado pela beleza do nú. podes ler estas palavras que constroem novos caminhos, se libertam das sociedades e cidades de grandes prédios, do tempo que foge, e se dedicam a ti. sê. procura aqui as tuas novas razões, a tua nova casa, a tua nova forma de ver. não esqueças nada mas deixa que tudo te relembre de como nada deve acontecer, desfaz-te em bocados de papel e escreve mais frases, novas frases, novas gentes. afasta-te e volta para onde pertences, cada vez mais forte.
parabéns mãe

foreground


passas à minha porta e nem sequer precisas de tocar à campainha. entro no carro, ligas a ignição, o chaço velho mostra-se vergonhoso. a estrada faz-se a ti e a velocidade é indiferente, a música que toca agora entre nós é muito mais importante. a disucussão tornou-se ensurdecedora e demasiado frequente - os ritmos e as palavras perderam o controlo e nós perdemos a cabeça.
sabes o caminho para o apartamento mal arrendado, fechas as janelas porque as vozes da rua fazem-me espancar-te, desligas o rádio. agora quem se faz ouvir és tu.
tu sais,resolvemo-nos.

algures no ano de 2009

brainstorm


tens o cheiro daquela terra que arde, explode e tenta o mundo à invasão. inundas-me com os restos da tua origem, com o que ainda me diz quem tu és, o que queres, como vives, expulsas-me deste lugar e obrigas-me a viajar com destino decidido por ti. criaste o grande problema: fizeste-me ir, largar tudo por um sítio que já conheço e não vale a pena, que não nos vale. a promessa das tuas praias desertas e virgens florestas foi quebrada logo á partida, o desespero dos rituais perdeu-se e encontrou-se em mim.
procurar o não-destino é impossível com a tua mão na minha garganta e os pés presos às árvores lendárias, presas à Terra, presa a nós.

soft rock star


afinal ainda existem dias de sorte.

all is full of love

deito-me na cama, o peito carregado pelo colchão velho e nú, os lençóis que faltam e abandonam uma alma adormecida. sinto o meu batimento cardíaco, o corpo lateja ao ritmo do pulsar da máquina vital, essa que se pensava ter morrido. durante tempos infinitos vivi insensível, sob efeito de uma anestesia que me forçaram a encarar - durante tempos incontáveis o meu coração esteve parado, ligado a alguém que trabalhava por ele.
é noite, sem estrelas no céu ou lua que se veja, e o insolente órgão decidiu voltar a existir, substituir a força do meu cérebro, acordar-me para a vida.


twist

«Hell is other people.»
     - Jean-Paul Sartre


grow up and blow away


carrega-a de nervos e expectativas, noites mal dormidas e sonhos fantásticos.
fá-la parecer inalcançável, um fim impossível de uma espera infinita. um finalmente que tarda em que chegar.

heavy cross

as leis da selva foram lançadas pelo adversário. o jogo do instinto continua deste lado e animais furibundos esperam uns fracos espécimens. este território pertence-nos: regras, cérebro e limites (sensatos, dispostos a ser quebrados, humanos). aqui não entram hipopótamos que pensam ser sensuais felinos e tão-pouco abutres desesperados, o zoo (sobre)vive e o focinho também serve para pensar.
cão que ladra afinal morde.
- e aqui não se suportam manadas imbecis

on the other side

just because you have two ears and a mouth, it doesn’t mean you know how to communicate.

(lido por aí)

howl

aprendes, cresces, enfureces. depois percebes que morres: ganhas fôlego, gritas e regressas.
percebes como é que as coisas funcionam, tornas-te impermeável e respiras fundo. és.

bigger than my body


as always, mais uma vez.
um nó na barriga, uma hora e meia surreais, um palco cheio.

samson



beneath the sheets of paper lies my truth,
i have to go, i have to go

it's working



pode ser a solução mais fácil.
no final de contas, a escolha é tua - porque a vida também. decide-te, avança, define, corre, grita e, se precisares, foge. escolhe o que queres, o que precisas, o que és. à tua maneira, sem empurrões, contraditoriamente ou às direitas, sem te deixares levar: define a tua posição, solidifica a tua solução. e aproveita-a

reptilia



não sou, agora, nem mais nem menos do que a equação do que quero e me aconteceu.
aconteci-te, virei a rua e encontrei uma alma que era a tua, encontrei-te uma coisa ligada a mim. como se fosse minha, uma outra (p)arte de mim. fiz-me. procurei no que era meu e em ti ainda restava, sentei-me num banco de jardim e observei quem por mim passava, esqueci que era produto do casamento entre óvulo e espermatozóide, simples produto biológico. cavei fundo na sepultura de bichos raros e mentes brilhantes, sucedi-me e fiz-me explodir em explicações, racionalizações de canções de protesto, uma revolta silenciosa impedida de ser.

the kids don't stand a chance

férias, praia, cheiro de mar e peixe insuportável, os filmes que eu quiser e a música mais vazia de sempre, o que me apetecer ver ler ouvir fazer sonhar, teatro teatro e teatro, a perspectiva de um futuro à minha frente, objectivos redifinidos.

tempo perdido

posso parecer-te a pessoa mais insensível que conheces: porque não choro nem rio nem me entusiasmo com estes tempos sensíveis. não, marco apenas um compasso de muda insanidade, voz surda e eufórica, de trela asfixiante presa ao bosque finito. um céu escuro é sublime, mas define um estado de apatia constante. proíbe-me de ser ou sentir, limita a terra dos sonhos fantásticos à quadrada dimensão - e encontro uma personalidade que insiste em perder-se.
pareço-te determinada. movo-me mecânica para vingar essa tua primeira impressão, continuo livremente dependente das expectativas do eterno primeiro momento, fujo mas a terra insiste em colar-se aos meus pés. que ódio ao que te pareço e à mensagem que passa no jogo entre crianças ignorantes.


olha, tenho um blog moribundo.
que giro

(vamos lá tentar reavivá-lo)

i can't win



eu minto, às vezes.
sou uma mentirosa no que se passa cá dentro, nas festas e convívios do salão da alma. as portas parecem-te transparentes - estão fechadas, trancadas. as conversas, as discussões, conferências e saraus são como o teu sorriso forçado nas fotografias que detestas tirar. na verdade, não valem nada, enquanto o meu corpo se estende dormindo no sofá interior.
e depois minto quando te digo que estou viva, activa, positiva. digo o que não é verdade, mas a verdade é que ninguém se digna a investigar a falsidade. quando páro de falar, acabou a conversa, também já não tens nada para dizer, adeus, adeus, até à próxima, depois ligo-te, deito-me na relva de um jardim infinito, deixo-me levar pela areia deste deserto, a neve gela-me as costas, não olho para ti e percebo que sou falsa.
nem sei

carbon monoxide




a minha cabeça tem o peso do mundo.

the greatest

once I wanted to be the greatest
two fists of solid rock
with brains that could explain any feeling

slow dancing in a burning room


é hoje, finalmente.

- agora é ver a minha mãe orgulhosa, a levar-me até ao dito sítio, não te esqueças de me ligar quando for para te vir buscar, fotografias para cá e para lá, dois beijinhos e talvez um abraço, que coisas destas não acontecem todos os dias.
 (thank god)

my rollercoaster



roubada descaramente à paddy, mas só porque se adequa a tudo, neste momento.
e ninguém refila

apres moi



é como se alguém tivesse morrido.
morreu, na verdade - mas continua por aí. A andar, a sentir (demasiado, talvez), a trair a nossa confiança, a beijar outros mundos.
morreu. ficou frio e estático e apático, impermeável a outras sensações que não as suas, independente de outros desejos. foi estrangulado, abatido pela força da desilusão de alguém, espancado sem remorsos, acabado.
(um fim sem mais nada que se lhe acrescente. o funeral deu-se e ninguém apareceu.)

afinal sempre se recebe de volta aquilo que se entrega.

brainstorm





















i've been so lonely,
deep in my soul.



(sem querer tornar este blog demasiado melodramático)

animal



não ponhas a cabeça entre as pernas, rapaz. olha à tua volta: não vês que ainda tens muito que fazer? não, ao contrário do que pensas, não és nenhum coitadinho, nenhum fraco. domina o teu corpo, se queres continuar por aqui. tens a certeza disso? a tua casa, a tua mulher, os filhos dela e de outras, as tuas fomes, o teu minúsculo mundo.
vai trabalhar, esfola-te mete mãos à obra - e é se pensas chegar a algum lado.

mas isto satisfaz-te.
já me esquecia da tua pequenez, rapaz.
(descendente do macaco mais conformado, do adão mais falível e errante,
habitante de uma terra limitada. filho de um deus qualquer)

well that was easy


Sad thing is, you can still love someone and be wrong for them.
— Elvis Presley

no sound but the wind

falta o rosto suave, o corpo que nem pena, os cabelos esvoaçantes sobre as costas nuas, puras, secretas.
falta-nos o meu vestido branco, os pés descalços, o chão frio, um coração quente.
que tudo o que temos é isto e está à vista de todos - já nada é mistério (por resolver).

animal


hoje quero que nada faça sentido.
quero querer e poder, não tentar.
poder dizer frases aleatórias, com sentido, as verdadeiras frases. hoje deixo de lado o que pensei que era melhor dizer ou pensar ou fazer, e deixar-me levar. perder o rumo nos sonhos, numa mesa posta para jantar, numa folha de papel ainda virgem, esquecer que vão existir sempre obrigações e preocupações e exigências e expectativas. esquecer-me que, nos útimos 17 anos, fui alguém e ser completamente diferente, correr. de verdade.

esquece, talvez seja melhor ficar para outro dia.

p.s.:
oh yeah

i'll try anything once

vamos escrever em folhas sem fim, deixar parágrafos incontáveis por escrever.
as nossas mãos, impuras e sujas do caminho suplicante que percorremos arrastados pelo chão, não são dignas de linhas tão rectas e correctas. deixá-las-emos para os maiores. para os que se deixam ficar por simples peças de papel e já se esqueceram do que os espera, lá fora.
mesmo que, no fim de quase tudo, a folha seja colocada (ainda que com todas as mordomias) num lindo caixote do lixo.

nós vamos saltar, de rompante, para o entulho mais feio, usado e assustador, assim, sem mais nem menos. vamos sujar-nos.





















de volta aos clichés, inevitavelmente.

mess around

não sintas saudades, nao vale a pena. esquece-te de sentir, é inútil. não queres correr o mundo em 7 dias? vai, sozinho.
espera só que eu chegue, para te assegurares que nunca mais parto. ]




quer-me cá parecer que só nos voltamos a ver daqui a uns quantos dias.

time to pretend


Não podes querer o que nunca tiveste. Acordar um dia e acreditar no que nunca pensaste, dizer o que sempre quiseste, calar-te quando devias. Não acontece teres o que queres, acontece acabares por querer o que tens, invariavelmente.
É confortável: não podes imaginar o que nunca viste, nem ver o que nunca imaginaste. Limitas-te a ti, àquilo que toleras, ao que és e ao que tens à tua volta. Não te dás a mais nada, mais nada se entrega a ti. Não queres nada, não pensas nem sentes nem imaginas nem procuras nem tentas nem vês ou observas. (De)limitas-te.


criatura da noite




« quero ver os peixes a bailar e as ideias a gritar, quero voar para até ver o mar pegar fogo
e tipo incendiar até a luz, a luz me cegar
e eu voltar pró meu lugar »

happiness is a warm gun

basic space

que se lixe. (tu mesmo, sem sentido nenhum, para ninguém perceber, nem eu mesma, para nos perdermos, nas palavras, nos caminhos, no mundo, nas conversas, nos passos desiorentados, nos escuros dias e no branco da noite)
vamos dançar.


A minha foto
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