#26


































círculo ciclo vicioso.
wasted rita knows best.

#24

pronto, demito-me. não tenho a teimosia do Coelho e fui perdendo o orgulho por aí, portanto é isto: demito-me. deixo o meu corpo às ordens de um reino anárquico, uma república de almas caídas, perdem-se as leis e sistemas, sou um conjunto de regras e muita preguiça para as cumprir. abandono o navio sem remorsos, o destino deste país está nas mãos de outros e nas voltas que o mundo dá - eu demiti-me.

#23

também quero mudar vidas.
- deixem-me, vá lá. parece tão fácil extraordinário

#22

tenho um coração de dimensão reduzida. tão pequeno que só tem espaço para mim, que de repente fico gorda, ocupo o espaço dos outros e me deixo ficar. engoli tudo e não deixei nada, fiquei esfomeada e engasguei-me com culpas do meu coração: peço desculpa, mas o lugares já estão todos ocupados. graças a deus que não entraram bebés nem bandidos de palmas sempre prontas, os bilhetes esgotaram em segundos e eu escondi-os todos, um a um ou pessoa a pessoa, troquei-os por supostas pessoas, amigos de madeira, almas de lata.
perdi a minha. perdi a lata e deixei de fingir que o meu coração é espaçoso. esqueçam, eu é que sou demasiado espaçosa, este espaço é meu e qualquer semelhança comigo é pura ficção espacial.
no fundo, é tudo uma questão de arquitetura, infraestruturas que me suportem e canalizem, um prédio prestes a ruir.

#21

Engana-te de propósito a fazer as contas. Falha o golo em frente à baliza. Despenteia-te. Escreve "sapo" com cê de cedilha: çapo. E também "sopa": çopa. Inventa combinações de números quando o multibanco te pedir o código. Contraria o GPS. Põe sal no café. Telefona à tua mãe e diz que querias ligar para as finanças. Despede-te quando chegares e diz olá quando partires. Senta-te no chão. Veste a camisola ao contrário. E, por favor, calça o sapato do pé esquerdo no pé direito e calça o sapato do pé direito no pé esquerdo. Verás que não é assim tão desconfortável, que o calçado ortopédico é um exagero e que há muito mais do que aquilo que esperas naquilo que não esperas.

gostos à parte, do José Luís Peixoto
via (a outra) Sofia
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Lisboa | Amesterdão

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