A porta da sala fechou-se.
Agora, ali, era apenas eu e as paredes, num diálogo incessante, tempestivo - num silêncio cortante. O chiar do vento frio lá fora marcava o compasso do meu desespero e o velho espelho à minha frente mostrava-se disposto a um violento debate, mas a minha corajosa cortesia proibía-me de me exaltar. Não. O meu choro, os meus murros na mesa, o meu grito ensurdecedor seriam abafados pela minha decência. Ali, a ira marcada nos meus olhos controlava-se perante o que via, submetida ao terror do real, escondido, na sala fechada, com a chave perdida, com o espelho que não era de ninguém.
E quando a porta se abriu novamente, afoguei-me nos braços de quem me salvou, pessoa sem nome, rosto nem voz, cansada, estourada, caída, para te pedir ajuda para me levantar. Obrigado.