deixei bem claro que sou fraca. letras grandes e gordas, sem réstia de dúvida: fiquei nua e despida até à camada de pele mais asquerosa e sensível que todos os dias transporto. já não dá para fingir ou dissimular, para fingir que os outros não percebem: aqui me tens, Sofia, a fraca, como sempre-hoje fui.
mas não penses que sabes tudo.
sou fraca agora porque percebi. foi do estilo
eureka, sabes? sempre soube, mas nunca tinha sentido - e sentir faz toda a diferença. sentires que sabes pode fazer-te sentir poderoso, mas invariavelmente obriga-te a cair, saltas do precipício e deixas tudo para trás, esqueleto e armadura incluídos. fiquei eu, fraca, porque olhei para ti, para a tua família, para a tua nova vida e percebi. senti: somos iguais, mas agora já sei o que não posso fazer, faço um esforço diário para aprender com o teu erro. esse grande erro que cresce com o tempo, que se torna incorrigível, que agora percebo. era inevitável. sou igual a ti e também não aguentaria.
mas não sou pessoa para deitar
areia para os olhos.